Endometriose: quando a dor vai além do físico

A endometriose é uma doença crônica e inflamatória que atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, mais de 7 milhões convivem com a condição, muitas sem diagnóstico. A falta de informação e o difícil acesso a exames especializados tornam o cenário ainda mais delicado para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Sem acompanhamento médico adequado, a doença pode evoluir silenciosamente, comprometendo órgãos como ovários, intestino e bexiga, agravando o quadro clínico e gerando incapacidades que dificultam o trabalho, o cuidado com os filhos e outras tarefas do dia a dia.

Os impactos da endometriose vão muito além do físico. A dor constante e a sensação de impotência frente à doença provocam sofrimento emocional e psicológico profundo. Em mulheres já submetidas a outras formas de exclusão, como a pobreza e a violência doméstica, esses fatores se somam, levando ao isolamento social, à depressão e à ansiedade. “A dor da endometriose não é só física. Ela atinge a autoestima, os relacionamentos, a produtividade e, principalmente, a dignidade da mulher que não é ouvida”, destacou a psicoterapeuta Nídia Meirelles, fundadora do projeto “A vida como ela é com endometriose”.

Foi justamente para ampliar esse diálogo e acolher mulheres em situação de vulnerabilidade que, nesta quarta-feira, 14 de maio, o Centro de Acolhimento à Mulher Nossa Senhora do Parto, na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, no Centro do Rio, promoveu uma roda de conversa sobre os impactos físicos e emocionais da endometriose. No encontro, Nídia trouxe relatos, esclarecimentos e orientações, reforçando a importância da informação como ferramenta de prevenção. “Conhecer os sinais do próprio corpo, saber onde buscar ajuda e ter acesso a um atendimento humanizado são passos fundamentais para interromper o ciclo da dor e do silêncio”, afirmou.

Desde 2014, o Centro de Acolhimento à Mulher Nossa Senhora do Parto oferece suporte a mulheres, gestantes e puérperas a partir dos 14 anos, em situação de vulnerabilidade social. Entre os serviços prestados estão orientação sobre saúde materno-infantil, atendimento e encaminhamento social, orientação jurídica para defesa dos direitos da mulher e distribuição de fraldas e enxovais. Com um atendimento anual de mais de 250 mulheres, o projeto reafirma o compromisso do Santuário Cristo Redentor e do Consórcio Cristo Sustentável com a valorização da dignidade humana e o cuidado com os mais necessitados.